Wednesday, February 22, 2006

abstract art

"There is no abstract art. You must always start with something. Afterward you can remove all traces of reality."
-- Pablo Picasso --

Monday, February 20, 2006

Arte

Arte, ainda que o assunto cause polêmica. O Zé Celso, um dia, disse uma frase: "Os publicitários são demônios"... Escrever um romance ou criar um anúncio são formas de poder. Fazer nascer gente e cidades, modificar ou instalar hábito e costumes... Muitas vezes, ao ler um anúncio me espanto e fico com inveja, é como estar lendo haicai, poesias concretas, textos minimalistas, axiomas, minicontos, aforismos. Mexendo com a realidade, a propaganda se assemelha à ficção. Os produtos são personagens. Há layouts que podem estar no museu, expostos em galerias, um dia vão figurar na história da arte, assim como os pôsteres de Toulouse-Lautrec.

(A Voz das Estrelas, Ignácio de Loyola Brandão)

enigma

"I have come to believe that the whole world is an enigma, a harmless enigma that is made terrible by our own mad attempt to interpret it as though it had an underlying truth."
-- Umberto Eco --

Tuesday, February 14, 2006

vatapá

Não comi, como os viajantes de escalam os vatapás e carurus da Petisqueira, pratarrazes comerciais afinal de contas. Godofredo levou-me com mistério à cozinha modesta onde a gorda preta Eva preparava, com a simplicidade do trivial mais fácil, as mais estupendas misturas de dendê e pimentas queimadas que já provei na minha vida. Era passar lá às nove da manhã e encomendar: peixada de moqueca, ou vatapá, ou caruru, ou efó, ou galinha de ó-xin-xin. Quando se voltava ao meio-dia encontrava-se um prato cheiroso e complicadíssimo que parecia exigir um mês ao menos de manipulação. E aparecendo de improviso era quase a mesma coisa.


(Bahia, Crônicas da província do Brasil - Manuel Bandeira)

arranha-céus

Há muita gente ingênua para quem progresso urbano é avenida e arranha-céu. Modernidade -- asfalto e cimento armado. Pois eu estou pronto a sustentar para essas sensibilidades modernas, que os tais arranha-céus cariocas não passam de casarões passadistas de muitos andares, ao passo que os velhos sobradões de duas águas da Bahia, com três, quatro andares e sotéias, obedecem à estética despojada, linear, sintética dos legítimos arranha-céus.

(Bahia, Crônicas da província do Brasil - Manuel Bandeira)

Monday, February 13, 2006

answers

At the beginning of my journey, I was naive. I didn't yet know that answers vanish as one continues to travel, that there is only further complexity, that there are still more interrelationships, and more questions.
-- Robert D. Kaplan --

cluttered desk

"If a cluttered desk is the sign of a cluttered mind, what is the significance of a clean desk?"
-- Laurence J. Peter --

Friday, February 10, 2006

De Vila Rica de Albuquerque a Ouro Preto dos Estudantes

Crônicas da província do Brasil
De Vila Rica de Albuquerque a Ouro Preto dos Estudantes
(Manuel Bandeira)

Não se pode dizer de Ouro Preto que seja uma cidade morta. Morta é S. João d'El-Rei. Ouro Preto é a cidade que não mudou, e nisso reside o seu incomparável encanto. Passada a época ardente da mineração (em que foi de resto arraial de aventureiros, a sua idade mais bela como fenômeno da vida), e a saldo do progresso demudador pelas condições ingratas da situação topográfica, Ouro Preto conservou-se tal qual, em virtude mesmo da sua pobreza, aquela pobreza que já por volta de 1809, segundo depoimento de Mawe, fazia, por escárnio, trocarem-lhe em Vila Pobre o nome da sua fundação em 1711, que era o de Vila Rica de Albuquerque.