Wednesday, September 20, 2006

Dalí e Freud

Salvador Dalí dizia que o cérebro de Sigmund Freud era, morfologicamente, um caracol. Dalí era um grande admirador de Freud. Seu encanto pelo trabalho do psicanalista começou quando, aos 21 anos, leu "A Interpretação dos sonhos". Como um admirador de Freud, Dalí teve sua visão de mundo moldada, alterada ou distorcida pelas idéias da teoria psicanalítica. Dalí tentava um encontro com Freud há quatro anos. Tal encontro só tornou-se possível com a ida de Freud para Londres devido à anexação da Áustria à Alemanha, quando sua filha mais velha Anna foi levada pela Gestapo para interrogatório. Freud considerava todos os surrealistas como "completos tolos". Para promover o encontro foi necessário o intermédio de Stefan Zweig, um admirador da obra de Dalí e amigo de Freud. Em 19 de Julho de 1938 ocorreu o encontro do pai da psicanálise e o surrealista conhecido por derreter relógios, quem levou como presente o quadro "A Metamorfose de Narciso".

Dalí aproveitou a ocasião para fazer um retrato de Freud.

Bohlen-Pierce scale

"J.R. Pierce, lately of Stanford University, has recently proposed a new musical scale based on dividing the frequency ratio 3:1 (instead of the 2:1 octave) into 13 (instead of 12) equal parts. This scale matches such simples integer ratios as 5:3 and 7:5 (and 9:7) with an uncanny accurancy, resulting from the number-theoretic fluke that certain 13th powers of both 5 and 7 are very close to integer powers of 3. To wit: 513 = 3.007719, and 713 = 3.003723. Since the integers appearing in the exponents (13, 19, 23) are also coprime (in fact, all three are prime), it is easy to construct complete musical scales exclusively from the small-integer ratios 5:3 and 7:5. The basic chords of the new scale, 3:5:7 and 5:7:9, are superbly approximated by the equal tempered scale 3k/13 and were found by M.V. Mathews, A. Reeves, and L. Roberts to provide a strong harmonic foundation for music for music written in the new scale."

(Number Theory in Science and Communications, M.R. Schroeder)

Tuesday, September 19, 2006

Música para Cordas, Percussão e Celesta de Béla Bartók

A música para cordas, percussão e celesta de Béla Bartók, Sz. 106, BB 114, é umas das composições mais conhecidas desse compositor Húngaro. Foi comussionada por Paul Sacher para a celebração do décimo aniversário da Orquestra de Câmara de Basel, sendo datada de 7 de Setembro de 1936. A primeira performance pública da música foi em 21 de Janeiro de 1937, pela Orquestra de Câmara de Basel conduzida por Sacher. Foi publicada no mesmo ano pela Universal Edition.

Bartók utilizou a proporção áurea1 para organizar suas composições em vários níveis, tais como proporção entre durações de movimentos de uma obra, de seções de um mesmo movimento, formas de compasso, relações entre notas dentro de uma melodia e até proporções entre alturas.

Em uma peça para clarineta, piano e violino (Contrastes), o movimento lento era uma melodia folclórica húngara, mas em compasso de 13/8 (13 colcheias). O compasso é formado de duas metades, uma de 5 e outra de 8 colcheias. A de 8 é dividida em 2 grupos, um de 3 outro de 5 e a de 5 em dois grupos, de 2 e de 3. Em geral, todas as peças dele contem estas proporções, mesmo que o ouvinte não perceba (o mesmo problema levantado por Leonardo Da Vinci).



1. É fácil mostrar que a razão entre os termos da seqüência de Fibonacci tente para a razão áurea.

Sunday, September 17, 2006

uma armadura vazia

Ainda era confuso o estado das coisas do mundo, no tempo remoto em que esta história se passa. Não era raro defrontar-se com nomes, pensamentos, formas e instituições a que não correspondia nada de existente. E, por outro lado, o mundo pululava de objetos e faculdades e pessoas que não possuíam nome nem distinção do restante. Era uma época em que a vontade e a obstinação de existir, de deixar marcas, de provocar atrito com tudo aquilo que existe, não era inteiramente usada, dado que muitos não faziam nada com isso - por miséria ou ignorância ou porque tudo dava certo para eles do mesmo jeito - e assim uma certa quantidade andava perdida no vazio. Podia até acontecer então que num ponto essa vontade e consciência de si, tão diluída, se condensasse, formasse um coágulo, como a imperceptível partícula de água se condensa em flocos de nuvem, e esse emaranhado, por acaso ou por instinto, tropeçasse num nome ou numa estirpe, como então havia muitos disponíveis, numa certa patente da organização militar, num conjunto de tarefas a serem executadas e de regras estabelecidas; e - sobretudo - numa armadura vazia, pois sem ela, com os tempos que corriam, até um homem que existia corria o risco de desaparecer, imaginem um que não existia... Assim havia começado a atuar Agilulfo dos Guildiverni e a esforçar-se para obter glórias.

(O Cavaleiro Inexistente, Italo Calvino)

Saturday, September 16, 2006

exercício de precisão

Localizou-o debaixo de um pinheiro, sentado no chão, arrumando as pequenas pinhas caídas segundo um desenho regular, um triângulo isósceles. Na hora do alvorecer, Agilulfo precisava sempre dedicar-se a um exercício de precisão: contar objetos, ordená-los em figuras geométricas, resolver problemas de aritmética. É a hora em que as coisas perdem a consistência de sombra que as acompanhou durante a noite e readquirem pouco a pouco as cores, mas nesse meio tempo atravessam uma espécie de limbo incerto, somente tocado e quase envolto em halo pela luz: a hora em que se tem menos certeza da existência do mundo. Ele, Agilulfo, sempre necessitara sentir-se perante as coisas como uma parede maciça à qual contrapor a tensão de sua vontade, e só assim conseguia manter uma consciência segura de si. Porém, se o mundo ao redor se desfazia na incerteza, na ambiguidade, até ele sentia que se afogava naquela penumbra macia, não conseguia mais fazer florescer do vazio um pensamento distinto, um assomo de decisão, uma obstinação. Ficava mal: eram aqueles os momentos em que se sentia pior; por vezes, só às custas de um esforço extremo conseguia não dissolver-se. Aí, punha-se a contar: folhas, pedras, lanças, pinhas, o que lhe surgisse pela frente. Ou então colocava tudo em fila, arrumando em quadrados ou em pirâmides. Dedicar-se a estas ocupações exatas permitia-lhe vencer o mal-estar, absorver o desprazer, a inquietude e o marasmo, e retomar a lucidez e compostura habituais.
(O Cavaleiro Inexistente, Italo Calvino)

Sunday, September 10, 2006

Unheimlich

"Also heimlich ist ein Wort, das seine Bedeutung nach einer Ambivalenz hin entwickelt, bis es endlich mit seinem Gegensatz unheimlich zusammenfällt." (Schelling)

"Nennt man Alles, was im Geheimnis, im Verborgnen... bleiben sollte und hervorgetreten ist." (Schelling)

Beethoven e o Código Morse

A quinta sinfonia de Beethoven começa com a letra V no código morse.

Início da quinta sinfonia:


"V" em código Morse:


Será que tudo não passa de mera coincidência... ou será que "não existem coincidências, apenas a ilusão de coincidência"?

Beethoven escreveu a quinta entre 1804 e 1808, e morreu em 1827. O código morse foi criado por Samuel Morse em meados de 1830 e só passou a ser largamente utilizado no final da década de 1890.

É provável que Morse tenha se inspirado em Beethoven!

Mais uma curiosidade: durante a segunda guerra mundial, as transmissões de rádio da BBC se iniciavam com as quatro notas de entrada da quinta de Beethoven, denotando "V" de "vitória".