Thursday, April 06, 2006

Manuelzinho

Na rua Toneleros tem um bosque, que se chama, que se chama solidão; nesse bosque, nesse bosque mora um anjo, que se chama Alexandre Manuel Tiago de Melo. É um caboclo amazonence nascido por engano em Copacabana; fez, otem, precisamente quatro anos.

Está me palpitando que dará para poeta, como o pai, e será um craque na geração de 75. Digo isso porque o meu xará já se saía com coisas estranhíssimas antes dos quatro anos. Quando foi tomar banho de mar pela primeira vez, achou a água fria demais e botou a boca no mundo. Mas o mar impressionou-o fundamente. Dias depois, deitado na praia com a tia, perguntou-lhe: "O mar fica aí de noite?" Respondeu a tia: "Fica". E Manuel: "Fazendo o quê?" A tia: "Esperando pelo Sol." Manuel: "Pra se esquentar, não é?"

(...)

Manuelzinho viu o minguante e perguntou à mãe: "Mamãe, quem foi que quebrou a lua?" Para mim, a lua de Manuelzinho vale a de Victor Hugo.

(...)

(Manuelzinho, Flauta de Papel - Manuel Bandeira)



ser poeta é ser criança,
é olhar para a natureza e ver apenas o que é singelo.
o poeta sonha e transforma a sua realidade
e viaja, como diria Galeano, sem passagem. ainda bem!
poesia é uma arte? ou uma brincadeira?
o poeta é aquele que brinca com as incertezas do universo
e faz pouco caso de acontecimentos
quando crescer não quero ser poeta,
quero ser criança.
não quero morrer nunca,
porque quero brincar sempre

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